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2 de jun. de 2010

Estilo: Shaolin


Todas as artes denominadas duras que pertencem a Escola Externa de Kung Fu parecem ter florescido de uma única fonte: O Monastério Shaolin. Situado no noroeste da província de Henan, não muito distante da cidade de Luo Yang, próximo ao distrito de Deng Feng, o Box Shaolin influenciou profundamente não só as Artes Marciais, como também a filosofia oriental através do surgimento e difusão do budismo Chan (Zen).
Foi no ano de 495 que o imperador Hsiao Wan mandou erguer nas encostas da chamada "Montanhas do Centro", Song Chan, um grande templo, sobre a supervisão de um monge indiano de nome Batuo (Fo Tuo). O templo foi batizado de Shaolin que significa "pequena floresta", devido ao bosque que o circundava e garantia a subsistência dos monges.
A primeira construção do grande templo foi o Stupa - santuário hemisférico sob qual os monges perambulavam recitando os sutras sagrados. Trinta anos mais tarde, o legendário monge Bodidarma (Damo) visitou o grande Templo Shaolin e lá ensinou uma nova forma de Budismo, pelo qual os adeptos passavam dias inteiros em estado de meditação, totalmente imóveis. Esses ensinamentos deram origem a um novo pensamento Budista denominado Cha'n. O próprio Bodidarma sentou diante de uma parede de uma caverna próxima a Shaolin e meditou durante nove anos inteiros.
Para que os monges pudessem resistir aos rigores da vida religiosa, Bodidarma ensinou-lhes exercícios e técnicas respiratórias juntamente com movimentos de combate que mais tarde, constituiriam a base das artes marciais chinesas e da maioria das lutas modernas.
Como regra de disciplina, o monge indiano introduziu a seguinte máxima em Shaolin: "Antes de treinarmos a mente devemos treinar o corpo". Bodidarma desenvolveu uma técnica marcial, exercícios respiratórios e filosofia que constituiriam 1.500 anos de gloriosa história.



















Destruição Shaolin


Conta-se que quando a China foi invadida pelos Manchus os oficiais sobreviventes da Dinastia Ming teriam se ocultado nos templos Shaolin, buscando proteção numa época em que os templos budistas eram considerados tabus e objetos de grande reverência e temor por parte do povo.
O fato desses oficiais terem permanecido ocultos no templo por muitos anos parece justificar o grande número de armas praticadas pelos Shaolin, se considerarmos que a filosofia budista exigia que eles se limitassem - pelo menos até essa época - às práticas físicas sem armas.
Por volta da Dinastia Ching os Manchus tentaram diversas vezes atacar o templo sem sucesso, pois suas paredes eram inexpugnáveis, tendo mesmo diversos metros de espessura em alguns pontos.
Um cerco semelhante ao que prostrou Jerusalém, mas bastante diferente, pois, os monges plantavam seus próprios alimentos e poderiam resistir interminavelmente.
Ao que parece, despeitado por não poder apreender os exercícios originais de Bodhidharma, que eram mantidos secretos e restritos ao círculo interno de monges iniciados que os preservaram por seu valor ascético, um monge de hierarquia mais baixa chamado Ma Ning Yee, em conluio com três oficiais do governo Manchu, a saber: Chan Man Yu, Cheung Ching Chow e Wong Chun May, envenenou a água do templo e o incendiou no vigésimo quinto dia do sétimo mês do décimo segundo ano do reinado de Yung Cheng (1733 D.C.).
Após ter incendiado o templo Ma Ning Yee teria aberto as portas permitindo a entrada dos soldados manchus que tiveram pouca dificuldade desta vez.
Os poucos sobreviventes ao fogo e aos efeitos deletérios do veneno lutaram bravamente, mas desamparados pela morte dos mestres principais tiveram que capitular e foram chacinados. Conseguiram fugir apenas cinco dos grandes mestres e quinze discípulos.
Dentre os quinze discípulos apenas seis tiveram seus nomes guardados pela história, quer por sua fama como possuidores de grandes habilidades nas artes marciais, quer por seus feitos heróicos nas infrutíferas tentativas de derrubar os invasores manchus. Foram eles:
Hung Hee Kung e Luk Ah Choy, que criaram o estilo Hung Kuen, mais tarde conhecido como Hung Gar.
Fong Sai Yuk que criou um estilo baseado no movimento dos cinco animais de Shaolin.
Tse Ah Fook, Fong Weng Chun e Tung Chin Kun que foram grandes lutadores e cujos feitos heróicos são até hoje narrados em histórias do folclore chinês.
Quanto aos 5 mestres que escaparam, seus nomes eram: Pak Mey, Cheen Sin, Miu Hin, Ng'Mui e Fung To Tak.
O monge Pak Mey ocultou-se em um templo budista de Kwang Wai na província de Sze Chuan e transmitiu seu estilo ao monge Chu Fat Wan que por sua vez o ensinou, quando já estava com 92 anos, a Cheung Lai Chun que o preservou até sua morte que se deu em 1964 com a idade de 84 anos. Os discípulos de Cheung Lai Chun formaram a Associação Pak Mey de Hong Kong, uma das mais tradicionais dessa cidade.
O Mestre Cheen Sin era um grande conhecedor das doutrinas do Budismo Ch'an e era especialista no estilo do punho longo que transmitiu a Hung Hee Kung, contribuindo dessa forma à criação do estilo Hung Gar.
O mestre Cheen Sin tornou-se um revolucionário e conclamava a juventude chinesa a se unir para derrubar o governo Manchu, o que fez com que sua cabeça e a de seus discípulos favoritos fossem colocadas a prêmio, forçando-o a dispersar sua equipe e refugiar-se como cozinheiro em um dos juncos vermelhos - famosos barcos que transportavam equipes da ópera chinesa que viajavam por todo país fazendo apresentações nas cidades ribeirinhas por onde passavam. O fato de ele ter-se tornado durante vários anos o cozinheiro do Junco Vermelho foi de extrema importância para o desenvolvimento posterior do estilo Wing Chun.
O mestre Miu Hin com seu filho Fong Sai Yuk e sua filha Miu Tsui Fa escondeu-se nos povoados da tribo Yao entre as províncias de Szechwan e Yunnan, todavia mais tarde envolveu-se em inúmeras peripécias fantásticas que são até hoje lembradas pelo povo chinês.
Ng'Mui foi a única monja que conseguiu escapar do templo Shaolin e conforme dizem as tradições era a mais jovem entre os mestres sobreviventes, embora fosse considerada da mais alta hierarquia do templo, quer por seu conhecimento da doutrina, quer por possuir seus sentidos superdesenvolvidos.
Quando fugiu do templo, Ng'Mui viajou pela China durante algum tempo e depois, decidida a continuar na vida religiosa, ingressou no templo da Garça Branca na Montanha de Tai Leung na fronteira entre as províncias de Szechwan e Yunnan.


Referencia: http://sokungfu.vilabol.uol.com.br/principal.htm

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