Erguida no ermo cerrado do Planalto Central no ritmo frenético dos 50 anos em 5, Brasília chea ao seu cinquentenário com um governador tampão, um antecessor que há pouco estava preso e uma lista de obras por terminar. Se na era do presidente-fundador Juscelino Kubitschek a capital brotou do nada em apenas três anos, a Brasília de hoje ainda sofre o impacto do escândalo político, do dinheiro desviado e escondido na meia. A capital que surgiu do traço de Lucio Costa e Oscar Niemeyer é ainda a cidade patrimônio-histórico. Mas também é a cidade com seus hoje mais de 2,7 milhões de habitantes, periferia inchada, destino de antigos e novos candangos.
Na festa do 50º aniversário, neste 21 de abril, a capital federal é um canteiro de obras. O caso mais emblemático é o do Palácio do Planalto, que passa por sua primeira grande reforma em cinco décadas e só deverá ficar pronto em maio.
O palácio, cuja obra é tocada pelo governo federal, vive situação semelhante à de pontos turísticos tradicionais, como a Catedral, a Praça dos Três Poderes e o Teatro Nacional - todos cercados por tapumes ou tomados por operários contratados pelo governo local.
De dez obras que, até o ano passado, eram consideradas prioritárias pelo governo do Distrito Federal para a comemoração do cinquentenário, nenhuma estará 100% concluída hoje, dia do aniversário. Segundo a Secretaria de Obras, a lista foi definida pelo então governador José Roberto Arruda, antes de ser preso e cassado, no rastro do escândalo do mensalão do DEM.
Em setembro, antes da crise, o então vice-governador Paulo Octávio anunciou um pacote de obras para os 50 anos de Brasília. Entre elas, o projeto Beira-Lago, que prevê a urbanização de uma área junto à Ponte JK, no Lago Sul. Na última segunda-feira, nem mesmo a pavimentação ou o parque infantil estavam concluídos. Funcionários ainda plantavam grama no local.
Apesar da longa lista de obras por terminar, Brasília não é mais apenas um projeto. Boa parte da população já é de nascidos na capital. Gente que vai aos poucos criando o jeito brasiliense de viver na cidade sem esquinas. E os meninos criados nas superquadras viraram roqueiros. Da periferia, já saiu ganhador de medalha de ouro nas Olimpíadas. Aos poucos a cidade vai ganhando ares de metrópole. E, como tal, cheia de qualidades, mas também imperfeições.
Como Lucio Costa, um dia visitando a cidade já crescida, constatou:
- O sonho foi menor do que a realidade. A realidade foi maior, mais bela. Eu fiquei satisfeito, me senti orgulhoso de ter contribuído.
Site: Brasília 50 anos
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